Embora tenha recebido o apelido de “Planeta Água”, devido à enorme predominância desta substância quer na sua atmosfera, como na superfície, sob a forma de oceanos, mares ou gelo, o mundo debate, atualmente, uma possível crise referente à escassez de água na Terra.
A possibilidade concreta da escassez de água doce torna-se, cada vez mais, a grande ameaça ao desenvolvimento econômico e à estabilidade política do mundo nas próximas décadas. De acordo com as Nações Unidas (ONU), em 2025 cerca de 2,7 bilhões de pessoas enfrentarão a falta de água se as populações continuarem a tratá-la como um bem inesgotável.
Para um especialista em águas subterrâneas, o geólogo João Carlos Simanke de Souza, a solução para esse problema é o completo conhecimento do ciclo hidrológico, que possibilita a correta avaliação da disponibilidade dos recursos hídricos de uma determinada região. Uma das partes mais importantes desse estudo é entender o que acontece com as águas subterrâneas, a menos conhecida desse ciclo.
Simanke foi um dos palestrantes do Seminário "O Planeta Terra em Nossas Mãos", no lançamento do Ano Internacional do Planeta Terra (AIPT), realizado em Brasília nos dias 23 e 24 de abril. Consultor independente, especialista em água subterrânea, ele apresentou no evento o painel "Água - Direito de Todos, Desafio para Todos".
O geólogo explica que a água subterrânea constitui a parte invisível do ciclo da água. No entanto, é o recurso natural mais utilizado em todo mundo - por cerca de dois bilhões de pessoas. “Em muitos países, a água subterrânea é propriedade pública. Na Rússia e na Europa, por exemplo, 80% da água potável é água subterrânea”.
A Agência Nacional de Águas (ANA) diz que as informações disponíveis sobre as águas subterrâneas no país são ainda insuficientes e dispersas; as pesquisas são poucas, descontinuadas e inconsistentes. A Agência destaca ainda problemas de gerenciamento e controle nas ações das obras hídricas subterrâneas, como a ausência de profissionais capacitados para o estudo e execução de obras que demandem esse recurso, pouca e quase sempre ineficiente fiscalização, ingerência política em algumas etapas de caráter estritamente técnico e, sobretudo, falta de interação e integração entre os diversos órgãos responsáveis pelo cadastramento e acompanhamento das empresas, obras e serviços.
Em entrevista exclusiva a AmbienteBrasil, Carlos Simanke disse que o principal problema do Brasil em relação à água é de gestão e conscientização. “A exploração cuidadosa e sustentada é uma condição essencial para a água do planeta. O Brasil é um país rico em água. Nós temos água superficial e subterrânea em abundância, mas o nosso problema é de gestão, é de controle, é de qualidade”.
Outro ponto levantado por Simanke foi em relação a má distribuição da água. Em sua avaliação, poucos estados do Brasil são carentes de água - em situação de “estresse hídrico”. “Nós temos água em abundância, o problema é que ela está, em muitos casos, longe dos centros urbanos mais carentes, e isso requer boa utilização por meio de uma gestão sustentável e responsável”, avalia.
Para Simanke, as ciências geológicas possuem um papel fundamental em relação à preservação da água, pois quantificam e orientam sobre a melhor forma de uso sustentável; estudam formas de minimizar o impacto das reservas determinando a dinâmica de recarga, fornecem subsídios técnicos para preservação e proteção e apóiam tecnicamente as ações de recuperação dos mananciais subterrâneos degradados.
Ele alerta que o assunto deve ser debatido, acima de tudo, com consciência e responsabilidade. “Os estudos são essenciais, mas não bastam. O Brasil tem que aprender que tudo aquilo que é retirado da natureza precisa ser devolvido com qualidade. A forma de utilizar a água tem que ser responsável, pois uma vez utilizada, servida, ela deve ser limpa e devolvida ao meio ambiente. Essa é a forma correta e sustentável do uso da água”, disse Carlos Simanke.
Fonte: Fórum Imobiliário
domingo, 15 de novembro de 2009
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