Mais do que uma questão pessoal, morar sozinho é uma questão financeira. Isso porque, ainda na casa de familiares, muitas pessoas sequer percebem que os gastos para manter uma residência vão além das contas fixas.
De acordo com o especialista em educação financeira, Álvaro Modernell, antes de decidir por morar sozinha, a pessoa deve seguir duas regras: não tome uma atitude precipitada e saiba que a mudança pode implicar ganho de independência, mas também um ônus nas condições financeiras, que pode gerar, até mesmo, queda na qualidade de vida.
"Normalmente, o padrão de vida que tem na casa dos pais, a pessoa não consegue ter ao começar a viver sozinha. Existem gastos com os pais que ela não percebe. Ela só pensa no principal, contas fixas, e esquece dos detalhes, como a faxineira e pequenas reformas", destacou.
Em que momento
Modernell ressaltou que ninguém deve "dar um passo maior do que a perna". Por isso, se houver um bom ambiente familiar, vale a pena postergar a saída de casa de familiares para morar sozinho, para poder fazer uma reserva de emergência.
E de quanto deve ser essa reserva? Segundo o especialista, de seis vezes o valor das despesas mensais. Por exemplo, se a pessoa gasta R$ 4 mil ao mês, deve juntar algo em torno de R$ 24 mil.
Questionado sobre se o valor não é bastante alto, Modernell afirmou que existem muitas pessoas que conseguem fazer isso.
"Só de se livrar de dívidas, imagine quanto uma pessoa não conseguiria guardar! É um pouco alto o valor, mas a pessoa pode juntar em dois ou três anos. A hora que conseguir isso, aí sim é mais fácil sair de casa".
Onde morar
Se pretende morar sozinho, é interessante que escolha um local que permita a economia do gasto com locomoção, seja mais perto do trabalho ou em uma região com fácil acesso ao transporte público.
Mas a grande questão é: a pessoa deve comprar o imóvel ou pagar aluguel? Modernell disse que esta é, talvez, a questão mais polêmica. Mas a resposta depende também da cidade em que a pessoa reside. "Em Brasília, o preço do imóvel é alto, mas o valor do aluguel é mais baixo. No Rio de Janeiro, o imóvel não é tão caro, mas o aluguel é alto", explicou.
Para quem pretende alugar, ele afirmou que a Lei do Inquilinato deve passar por mudanças, o que ajudará no aumento da oferta de apartamentos e casas para locação e na queda do valor do aluguel.
De acordo com ele, comprar um imóvel tem um lado benéfico que é a formação de patrimônio, que pode se valorizar dependendo da região que a pessoa está. "Em Brasília, os imóveis sobem muito de preço anualmente", exemplificou, completando que a pessoa não precisa nem esperar até o final do financiamento para vender a casa ou apartamento e ganhar dinheiro com o imóvel.
Além disso, na compra do imóvel, ele afirmou que pode-se usar o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), que é o dinheiro pior remunerado. Para este ano, a previsão é de que o fundo renda 3% ao ano mais 0,87% da TR (taxa referencial), usada para atualização monetária. A rentabilidade do fundo deve ficar abaixo da inflação, de 4,27% projetada pelo mercado.
Seja qual for a decisão, Modernell disse que vale a pena morar em algo menor, já que solteiros costumam ficar menos tempo em casa. Além disso, considere dividir, ao menos em um primeiro momento, o imóvel com colegas.
Texto: Flávia Furlan Nunes
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
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