quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Demanda por imóveis menores e mais baratos é maioria na capital
Os imóveis de dois quartos, entre 60 e 70 metros quadrados e abaixo de R$ 200 mil são os campeões no ranking dos mais procurados no mercado imobiliário de Salvador. De janeiro a julho, foram assinados 4.523 contratos de financiamento imobiliário na Caixa Econômica Federal (CEF), sendo que 82% foram para imóveis de até R$ 100 mil, 17% entre R$ 100 mil e R$ 250 mil e somente 1% para acima de R$ 250 mil.
Só no primeiro semestre deste ano, cerca de 80% das 5,1 mil unidades comercializadas na Bahia se encaixam nesse perfil, segundo o conselheiro da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-BA) e diretor da Brito & Amoedo, Luís Augusto Amoedo. No entanto, o empresário destaca que, embora os imóveis de dois quartos com preços de até R$ 200 mil representem o desejo da maioria dos clientes, as empresas ainda não conseguem atender a esta procura. “O mercado só produz metade da demanda. Contudo, com o programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida, o foco está se voltando para imóveis com valores mais baixos”, avalia Amoedo.
De acordo com o empresário do setor imobiliário Sílvio Agra, quanto maior o apartamento, menor o tamanho do mercado. Para cada cem unidades de quatro quartos são produzidas mil de dois quartos. Além de preços mais acessíveis, os imóveis com menos cômodos atendem ao novo perfil das famílias, que estão cada vez menores. Mas Agra lembra que, em tempos de boa produtividade no setor, há imóveis para todas as necessidades e bolsos. Eles são pensados e planejados de modo a contemplar todas as fatias do mercado. Ou seja, as ofertas atendem, proporcionalmente, ao déficit habitacional.
Tamanho da família
“Antes era muito comum se ter cinco, seis filhos. Por isso, existia a necessidade de imóveis com mais quartos. No entanto, as famílias estão diminuindo. Além disso, havia mais facilidade para a compra de imóveis maiores e também era maior o tempo de permanência no imóvel”, avalia o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis, Samuel Prado, acrescentando que, atualmente, um dois quartos é um bom começo para quem sonha com a casa própria.
De acordo com o diretor de atendimento da Lopes Consultoria de Imóveis, Danilo Saito, a questão do preço é a que mais pesa para quem procura imóveis de dois quartos. “Como o mercado imobiliário oferece muitas opções em Salvador, o cliente procura o que cabe no bolso. Primeiro avalia se cabe na renda dele e só depois considera a localização”.
Pesquisa encomendada pela Ello Imóveis com um público de renda familiar entre R$ 1,5 mil e R$ 4,9 mil mostrou que 56% das famílias que querem adquirir um imóvel entre R$ 60 mil e R$ 200 mil, que se enquadram nas categorias super econômico e econômico, preferem casa. Os que elegem apartamento somam 39%. Os demais, optaram por village, terreno ou cobertura. O estudo mostrou ainda que os bairros mais procurados são Brotas, Itapuã, Cabula, Imbuí e Paralela.
Procura por unidades de até R$ 200 mil é árdua
Depois de assistir aos filhos casarem e saírem de casa, a funcionária pública aposentada Dina Machado, 58 anos, avaliou que o apartamento de três quartos era grande demais para ela e o marido. Só não contava que, para trocar o imóvel por um menor, teria dificuldade. “Foram três meses buscando um apartamento de dois quartos, e só agora encontrei um que atendia ao perfil que queríamos, de acordo com nosso bolso”, conta.
Ela buscou imóveis nas imediações de onde vive, no Jardim Apipema. Não que faltassem opções. O problema era encontrá-las abaixo de R$ 200 mil. “Encontrei de vários preços, até R$ 280 mil”, diz.
Foram justamente os preços elevados que jogaram água nos planos da fisioterapeuta Geisiane Lopes, 30 anos, de adquirir um imóvel na Barra, Ondina ou Pituba. “Encontrei muitos imóveis de dois quartos em construção, mas nessas regiões não encontrei nenhum abaixo de R$ 200 mil”, conta a fisioterapeuta que acabou fechando negócio em um dois quartos na região do Centro de Convenções. Embora vá morar sozinha, ela conta que preferiu uma unidade de dois quartos porque, como se trata de um investimento alto, considerou que não valeria a pena fazê-lo em um quarto e sala.
Fonte: Correio
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